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Voluntários descobrem na África uma forma de se completarem

Voluntários descobrem na África uma forma de se completarem



Trabalho teve início há dois anos por um grupo de amigos de Uberlândia. Eles levam saúde e educação para crianças e adultos no país.

Levar esperança para crianças e adultos da África. Esse é o objetivo de um grupo de amigos de Uberlândia que descobriu no voluntariado uma forma de se completar. O trabalho, que leva o nome “Missão África”, já existe há dois anos e, através de viagens, oferece saúde e educação para crianças e adultos de Moçambique, um dos países de menor índice de desenvolvimento do planeta.

Os gastos da viagem ficam por conta de cada voluntário e podem chegar a R$ 6 mil, incluindo passagem, transporte, hospedagem e alimentação. Apesar do alto custo, quem já foi diz que a experiência é única e que não há dinheiro que pague a “troca de realidades”.

Em quatro viagens ao país, a “Missão África” já enviou cerca de duas toneladas de medicamentos, leite em pó, material escolar e itens de higiene pessoal ao país. Os produtos foram levados nas malas de mais de 130 voluntários. Dentre os participantes estavam médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas e educadores que se doaram integralmente ao trabalho. As equipes já foram compostas por pessoas de Uberlândia, Brasília, Goiânia, Aparecida de Goiânia, Frutal, São Paulo, Orlândia, Cuiabá e Rio de Janeiro.

Conhecer e viver um pouco da África era um sonho de infância da pediatra e professora Juliana Pontes Pinto Freitas, de 36 anos, que só veio a se realizar na fase adulta. Ela é a idealizadora do projeto e duas vezes ao ano reúne equipes multiprofissionais para as viagens.

O contato com as crianças em Moçambique nos ensina que há algo maior do que essa vida de correria, vaidades e sobrecarga de trabalho. Nos ensina que apesar de toda a privação é possível ser feliz e grato.”

Juliana Pontes

Juliana Pontes é casada e tem dois filhos, mas na primeira viagem que ela organizou a família não foi, mas a apoiou em tudo. Quando ela retornou, percebeu que palavras não eram suficientes para explicar tudo que viveu no outro país e sentiu a necessidade de levá-los. “Na segunda viagem eu e meu marido decidimos levar dois de nossos filhos para eles também terem sua experiência pessoal com a África”.

A pediatra contou, que depois da decisão, muitos amigos da família, inclusive médicos, a alertaram dizendo que levar as crianças seria loucura e até mesmo um risco. Alguns chegaram a frisar que o país não tinha infraestrutura de água e esgoto, privação de diversas formas e risco de malária. Mesmo com o alerta, as crianças chegaram a conhecer a África. “Na época, meu filho mais velho estava com sete anos e escreveu 18 cartinhas para seus colegas de sala pedindo doação de leite em pó e explicando como isso era importante para as crianças carentes. Na África, os meus filhos tiveram a oportunidade de entregar pessoalmente cada uma das latinhas arrecadadas e ver o sincero sorriso de gratidão das crianças. Isso não tem preço”, relembrou.

Crianças recebem carinho de Juliana e família (Foto: Juliana Pontes/Arquivo Pessoal)

Para Juliana Pontes esse trabalho é um ensinamento de mão dupla: ganha quem faz e quem recebe. “O contato com as crianças em Moçambique nos ensina que há algo maior do que essa vida de correria, vaidades e sobrecarga de trabalho. Nos ensina que apesar de toda a privação é possível ser feliz e grato”, compartilhou.

A pediatra acrescentou que na África o grupo realiza atividades preventivas e educativas na área da saúde em orfanatos e comunidades, abordando os temas de doenças comuns como hipertensão arterial, Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) e saúde oral. São distribuídas colheres para preparação de soro de hidratação oral, preservativos, escovas de dente, pasta de dente e vários tipos de medicamentos.

A dentista Camilla Salomão Alvarenga, de 30 anos, foi uma das voluntárias que participou do “Missão África”. Ao conhecer o trabalho, a causa chamou a atenção dela. “O projeto iniciou em 2011, mas ainda não tinha contado com a presença de profissionais da área odontológica. Foi ai que surgiu o convite e me senti lisonjeada e feliz em poder participar, pois desde criança sonho em trabalhar como voluntaria na África”, contou.

Camilla Salomão contou que na época, outubro do ano passado, gastou em media R$ 4,5 mil para viajar para Matola, um distrito de Maputo, que é a capital de Moçambique. A dentista ficou hospedada em um orfanato e ela e mais um profissional atenderam mais de 200 crianças durante estadia no local. “Levamos um consultório odontológico portátil para o atendimento. Fizemos tratamento de emergências, extrações, restaurações e preventivo. Esse tipo de trabalho nos deu muita experiência positiva, tanto profissionalmente quanto emocionalmente”, confessou.

Para a dentista, o contato com essas crianças a ensinou a dar valor em coisas que ela nem imaginava que fossem tão importantes, como um simples sorriso e um abraço sincero. Ela garantiu que ainda pretende voltar e que a experiência é única e marcante.

O próximo grupo, que conta com 36 pessoas, estará na África de 12 a 24 de outubro. Os voluntários vão para o interior de Moçambique, uma cidade chamada Dondo, a 1.200 quilômetros da capital, dar continuidade ao trabalho das últimas viagens.

Esse grupo conta com profissionais de saúde, educadores e com vários voluntários de diversas áreas do conhecimento que estão dispostas a servir integralmente.A idealizadora do projeto,Juliana Pontes, explicou que com a alta do dólar a viagem está ficando em torno de R$6 mil. Parte dos insumos para atendimento médico são fornecidos pelas Universidades parceiras e os itens para distribuição nas comunidades carentes são arrecadados junto a sociedade civil.

Mais informações podem ser adquiridas no site da “Missão África” ou pelo e-mail: contato@missaoafrica.org.br.