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Sequestradores matam pastor após resgate ser pago

Sequestradores matam pastor após resgate ser pago



O Rev. James Audu Issa, pastor da Igreja Evangélica Winning All (ECWA) na área de Ekati, estado de Kwara, foi encontrado morto no deserto em 2 de outubro, após ter sido sequestrado de sua casa dentro das instalações da ECWA na cidade de Ekati, Condado de Patigi, em 28 de agosto. Segundo moradores e líderes religiosos, sequestradores identificados como da etnia fulani exigiram resgate e, mesmo após o pagamento de 5 milhões de nairas (US$ 3.125), o pastor foi assassinado. As informações foram prestadas por fontes locais e porta-vozes da denominação.

O morador Peter Kolo afirmou que “o pastor foi morto por bandidos Fulani que aterrorizavam as áreas de governo local de Edu e Patigi no estado de Kwara”. De acordo com ele, os sequestradores inicialmente pediram 100 milhões de nairas (US$ 62.500) e, após negociações conduzidas por familiares e pela comunidade de Ekati, aceitaram 5 milhões de nairas. “Os familiares aflitos do pastor e da comunidade de Ekati conseguiram negociar a quantia para 5 milhões de nairas, que pagaram em um esforço para garantir a liberdade do pastor”, disse Kolo. “Após coletar os 5 milhões de nairas, os bandidos demonstraram extrema crueldade, exigindo mais 45 milhões de nairas [US$ 28.125]. Tragicamente, antes que qualquer negociação pudesse ocorrer, o Rev. James Audu Issa foi morto pelos bandidos Fulani.”

Em nota breve, o porta-voz da ECWA, Rev. Romanus Ebeneokodi, disse: “Este pastor inofensivo foi morto, um entre muitos, deixando sua esposa, filhos, parentes, igreja e amigos em agonia”. Para o editor da revista Today’s Challenge da ECWA, Ralph Madugu, o episódio se soma a uma série de ataques dirigidos a cristãos e seus líderes. “No entanto, há alguns funcionários do governo negando que haja genocídio contra cristãos?”, afirmou Madugu.

O contexto de violência na região envolve grupos diversos. Com milhões de membros espalhados pela Nigéria e pelo Sahel, os fulani são majoritariamente muçulmanos e reúnem centenas de clãs de linhagens distintas. Um relatório de 2020 do Grupo Parlamentar Multipartidário para a Liberdade Internacional ou Crença (APPG) do Reino Unido observou que nem todos os fulani defendem visões extremistas, mas apontou que parte deles adere a ideologias islâmicas radicais. “Eles adotam uma estratégia comparável ao Boko Haram e ao ISWAP e demonstram uma clara intenção de atingir cristãos e símbolos poderosos da identidade cristã”, afirma o documento.

Líderes cristãos na Nigéria entendem que ataques de pastores a comunidades cristãs no Cinturão Médio são motivados por disputas por terra e pela intenção de impor o islamismo, acirradas por processos de desertificação que dificultam a manutenção de rebanhos. A Lista Mundial da Perseguição 2025 (LMP), da organização Portas Abertas, classifica a Nigéria entre os locais mais perigosos do mundo para cristãos. Segundo o levantamento, dos 4.476 cristãos mortos por sua fé no período analisado, 3.100 (69%) estavam na Nigéria. “A violência anticristã no país já atingiu o nível máximo possível segundo a metodologia da Lista Mundial de Perseguição”, registra o relatório.

Ainda conforme a LMP, na zona centro-norte — onde a presença cristã é mais comum do que no nordeste e noroeste — milícias extremistas fulani têm atacado comunidades agrícolas, resultando em centenas de mortes, principalmente de cristãos. Grupos jihadistas como o Boko Haram e o Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP), entre outros, também atuam nos estados do norte, em áreas com frágil controle do governo federal, onde são relatados ataques a comunidades, violência sexual e assassinatos em bloqueios de estrada. Os sequestros para resgate aumentaram nos últimos anos, segundo o relatório.

A LMP assinala que a violência se expandiu para estados do sul e menciona o surgimento do Lakurawa, novo grupo jihadista no noroeste, descrito como armado com equipamento avançado e uma agenda islâmica radical. O documento indica que o Lakurawa é filiado à insurgência expansionista da Al-Qaeda, Jama’a Nusrat ul-Islam wa al-Muslimin (JNIM), originária do Mali.

No ranking da LMP 2025, a Nigéria aparece na sétima posição entre os 50 países onde é mais difícil ser cristão, conforme informado pelo portal Christian Daily.