NOMOFOBIA: CONHEÇA O VÍCIO CARACTERIZADO PELO MEDO DE FICAR SEM CELULAR
Psicóloga explica que é preciso analisar as consequências do uso descontrolado e os prejuízos desse comportamento
Você já ouviu falar em nomofobia ou no-mobile? O nome pouco conhecido refere-se a uma fobia que tem crescido em todo o mundo. Em uma pesquisa recente, cientistas listaram os países com os maiores índices de vícios em smartphones. O Brasil ocupa o 4º lugar do ranking. Já um estudo divulgado pela Digital Turbine, mostra que 20% dos brasileiros não ficam mais de 30 minutos longe do celular. E a nomofobia também é conhecida como síndrome da dependência digital.
Para a coordenadora e psicóloga do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Berta Ribeiro, a falta de limite, de estabelecer tempo de acesso ou conexão é um dos fatores que contribuem para a dependência.
Berta Ribeiro: O uso da internet influenciou significativamente as relações humanas, pois a virtualidade permitiu que pessoas se aproximassem, em um mundo global como também criou a sensação de liberdade, de poder ser aquilo que no mundo real se tem dificuldade de mostrar, pessoas comunicativas, o que em alguns momentos distancia das interações pessoais não virtuais pois essas exigem competências e habilidades na sustentação do relacionamento inter-humano. Mas não existe problema em fazer uso das tecnologias e redes sociais, no entanto, é necessário equilíbrio para que a comunicação ‘cara a cara’ não seja completamente substituída e seja naturalizado os meios virtuais como forma de interação.
O estudo da plataforma de mídia também apontou que 92% dos brasileiros fazem compras pelo celular e que desse percentual 30% passaram a comprar ainda mais pelo aparelho móvel após o início da pandemia. A coordenadora ressalta que apesar da comodidade ofertada pelos aparelhos, é preciso ficar atento aos sinais que indicam vício.
A tecnologia veio com o intuito de unir e não causar distanciamento entre as pessoas. A dependência afeta a vida nas mais diferentes esferas e o que era simplesmente um costume passa a controlar e definir as prioridades do indivíduo, como relacionamentos, oportunidades de trabalho, entretenimento com amigos e família.
Levantamento do Google mostra que 73% dos brasileiros não saem de casa sem os seus dispositivos. A psicóloga ressalta que o uso exagerado do aparelho pode trazer consequências.
Não se questiona a importância dos aparelhos eletrônicos para facilitar a comunicação e as infinitas opções para o trabalho e o lazer. Mas, se usados com exagero, eles podem ser prejudiciais à saúde e levar ao desenvolvimento de transtornos psicológicos como depressão e ansiedade.
A profissional da saúde explica que é preciso analisar as consequências do uso descontrolado e os prejuízos desse comportamento.
Nesses tempos de mundo digital se tornou necessária a validação das ações no ambiente virtual e essa busca limita a liberdade de se expressar livremente por temer a rejeição e ao invés de se criar transparência são criadas camadas que não têm profundidade, apenas o objetivo de transmitir uma impressão e consequentemente essa pressão por perfeição nas redes sociais pode se transformar em uma dependência e levar a necessidade de ajuda psicológica.
Berta pondera que o problema não é a tecnologia em si, mas a maneira como nos relacionamos com ela, já que o celular é um item quase que essencial para muitas pessoas que usam para trabalhar e estudar. Ela defende que o uso deve ser de forma saudável para que o aparelho seja um auxílio e não uma dependência.
Muitos estudos demonstram que o uso excessivo da tecnologia pode afetar diversas áreas da vida, desencadeando sintomas como hiperatividade e perda de foco. Por mais que pareça impossível deixar o celular de lado, é fundamental a busca por controle e realizar atividades que demandem atenção como cozinhar, palavras-cruzadas e pausas de 15 minutos a cada duas horas.