Kumari A Deusa Viva do Nepal
No Nepal , desde tempos imemoriais , há mais de 2.600 anos, é realizada a prática da adoração da Deusa Viva, representado pelo culto à Kumari.
Um pouco da História da Deusa Menina
No Nepal , desde tempos imemoriais , há mais de 2.600 anos, é realizada a prática da adoração da “Deusa Viva”, representado pelo culto à Kumari.
O culto impõe a veneração de uma criança, símbolo da pureza, escolhida após realização de severo ritual de iniciação e investida com o supremo poder de Deusa e adorada pelo povo como divindade.
Entretanto, segundo a tradição quando chega a puberdade , com a primeira menstruação , perde o status de deusa e o ritual da procura de outra Kumari é iniciado.
Essa menina é chamada de KUMARI DEVI . A palavra Kumari , no idioma “nepali” significa Virgem e a criança entronizada é considerada como encarnação temporária de Taleju Bhawani, que é a manifestação da face feminina da deidade DURGA, a Mãe Universal .
A seleção para a escolha da DEUSA VIVA, é um ritual tântrico elaboradissimo. Depois de passar nos testes preliminares, compostos de 32 atributos de perfeição, como ter a pele perfeita, sem nenhuma cicatriz, traços particularmente finos, personalidade angelical, cor dos olhos que devem ser pretos e os cabelos também, ter todos os dentes, som da voz, etc , seu horóscopo deve também ser analisado e apropriado e o astrólogo oficial dá a última palavra.
São crianças na faixa de 3 ou 4 anos e a escolhida reina até a vinda da primeira menstruação pois segundo a tradição, a deusa não pode ter nenhum tipo de sangramento.
Quando isso acontece a Kumari volta a ser uma simples mortal e a busca pela nova Kumari, recomeça. Embora a Kumari tenha que ser sempre uma criança budista, da casta Sakya, é adorada tanto pelos hinduístas quanto pelos budistas .
O Palácio da DEUSA VIVA é uma construção magnífica com intricados cômodos como um labirinto, com janelas em madeira trabalhada, construída para a deusa há muitos anos pelo último rei da dinastia Malla. Foi ele que instituiu o culto da Kumari por razões que ainda continuam confusas. Mas as regras do culto são implacáveis e imutáveis e perduram até os dias de hoje.
Ao longo do tempo a Kumari se transformou em uma verdadeira atração turística do país. Como os estrangeiros não tem permissão para visitar a Kumari, grupos de turistas se postam em um grande pátio aberto, logo após o pórtico de entrada do Palácio, única área permitida e esperam às vezes por horas a “aparição da DEUSA na janela , o que acontece por breves segundos quando eles tem “sorte” .
Ela não fica mais que meio segundo e é proibido tirar fotografias. Diz a lenda que quando ela aparece na janela e oferece um meio sorriso…é sinônimo de boa sorte para os visitantes. A Kumari não pode sair de seu palácio, nem mesmo para ir ao pátio interior. Ela cresce sem jamais sentir o mínimo raio de sol bater ou a menor gota de chuva escorrer sobre a pele e jamais pode colocar seus pés no chão e nos seus deslocamentos é sempre carregada no colo.
Ela é maquiada, coberta de jóias e finalmente colocada no alto de um trono de ouro para receber seus visitantes, todos a seus pés para ganhar a bênção que traz boa sorte.
Seus deveres públicos consistem em fazer aparições ocasionais em uma janela encravada no Templo e também participar da cerimônia de cerca de 6 festivais , por ano.
A cada manhã, é banhada por seus serviçais , em um ritual impressionante de cerimônias e de preces que acontecem em um ambiente infestado de incenso. A Kumari recebe muitas oferendas, presentes e até dinheiro dos visitantes. Quase tudo vira benefício para seus guardiões (todos provenientes da mesma família há gerações) porque, no dia de sua partida, a deusa deve deixar o palácio de mãos vazias.
Se por um lado o reconhecimento e adoração chegam das ruas, das casas, dos templos e do palácio real, de outro vem rejeição. Uma lenda nepalense roga que as ex-kumari trarão vida curta a seus maridos. Logo, muitas terminam relegadas à solidão.
O fim da divindade traz em geral complicações sociais e domésticas às meninas e às respectivas famílias.
Há quem diga que a tradição fere leis internacionais de direitos infantis. A religião se impõe. A queda da monarquia no Nepal em maio de 2008, após 240 anos de prevalência, e a sucessiva ascensão de um governo de coalizão maoísta não fizeram romper o culto.
Visitar a morada da Kumari é muito especial e imperdível. Parece que voltamos no tempo e somos testemunhas de um passado, que vive na história dessa menina, símbolo de devoção, uma deusa viva para seu povo.
Caminhar pelas ruas de Katmandu significa encontrar sempre com a beleza, tanto dos magnificos templos budistas e hinduistas , onde os devotos convivem em perfeita harmonia, quanto com a magia e a tradição que estão sempre presente onde quer que estejamos .
NAMASTÊ