Hungria fecha fronteira com Croácia para conter migrantes
Turquia critica proposta que poderia prever retenção de refugiados
BUDAPESTE – A Hungria fechou a fronteira com Croácia, à meia-noite (horário local), para conter o fluxo de milhares de refugiados. O país tem tentado bloquear todos os acessos a migrantes que tentam alcançar a Alemanha. De acordo com as autoridades húngaras, que já haviam fechado a fronteira com a Sérvia, a medida se deve ao fracasso em se chegar a um consenso para o plano de contenção na Grécia e na Turquia.
— Sabemos que (fechar a fronteira) não é a melhor solução, mas dadas as circunstâncias, é o que temos — disse o chanceler Peter Szijjarto, que afirmou que migrantes em necessidade podem requerer asilo em dois postos de controle diferentes na fronteira.
Szijjarto afirmou que os líderes da União Europeia na quarta cúpula do bloco sobre refugiados fracassaram em definir uma força comum para proteger as fronteiras da Grécia, enquanto está claro para o governo húngaro a necessidade de proteger as fronteiras externas da zona de passaporte livre do bloco.
Com a recusa húngara em aceitar os refugiados, a Croácia, país pelo qual muitos têm transitado para chegar mais a norte, tem desviado trens em direção à Eslovênia. Temeroso de que o fluxo aumente exponencialmente, o país anunciou que está negociando pontos de passagem para evitar sobrecargas na recepção a migrantes.
— Não há como a Croácia lidar com a acomodação e providenciar necessidades imediatas às pessoas — afirmou Lydia Gall, pesquisadora da Human Rights Watch em Budapeste. — Dentro de dias vamos ter milhares de pessoas na Croácia e então no caminho dos Balcãs, na Sérvia e na Macedônia.
Migrantes caminham chegam de trem a Botovo, na Croácia, e caminham em direção à Hungria, que anunciou fechamento da fronteira a partir de sábado – Laszlo Balogh / Reuters
NEGOCIAÇÃO EMPERRADA
A União Europeia quer aumentar a cooperação com a Turquia na tentativa de conter o enorme fluxo migratório em direção ao continente europeu, com a possível oferta de € 3 bilhões (R$ 13,2 bilhões) e isenção de visto para 75 milhões de turcos. De acordo com o jornal inglês “The Guardian”, o plano visa manter mais de dois milhões de refugiados no país e evitar que eles tentem ir à Europa.
— Um acordo com a Turquia só faria sentido se efetivamente contivesse o fluxo de refugiados — afirmou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.
Entretanto, o ministro das Relações Exteriores turco, Feridun Sinirlioglu, afirmou que o plano debatido com a UE ainda é um rascunho, e que o foco estava errado. Em entrevista coletiva em Ancara, o ministro afirmou que a impressão de que a Turquia vai reter refugiados no país em troca de financiamento é falsa, e que o governo incentiva a ideia de uma zona de segurança para manter refugiados nos próprios países de origem.