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Halabja, Iraque, 25 anos

Halabja, Iraque, 25 anos



As vítimas curdas do genocida Saddam Hussein

Vem aí a data redonda (19 de março, horário de Washington) dos 10 anos do início da guerra do Iraque, a invasão do país do ditador Saddam Hussein por uma coalizão liderada pelos EUA sob o pretexto de armas de destruição em massa que não foram encontradas. Mas hoje vamos falar de uma outra data redonda que ajuda a explicar a suposição de que o regime de Saddam talvez tivesse armas nucleares, químicas e biológicas (o Iraque, como concluíram as investigações, não tinha programas nestes setores desde 1991 devido a sanções internacionais).

A data redonda, no caso, são os 25 anos (16 de março de 1988) do ataque indiscriminado com armas químicas pela Força Aérea de Saddam Hussein contra a cidade curda de Halabja (dentro do Iraque). Cerca de cinco mil civis morreram em questão de minutos. O câncer entre sobreviventes “prospera’”.

Para quem quiser um relato horripilante, aqui há um do veterano jornalista da BBC, John Simpson, que em dezembro passado retornou para a cidade, na qual estivera em 1988, logo após a mortandade, com os préstimos dos iranianos. Era o oitavo ano da guerra entre os dois países e havia uma aliança de conveniência entre separatistas curdos e o regime xiita de Teerã. Para o regime ainda sob a chefia ao aiatolá Khomeini, o massacre em Halabja era a oportunidade para um golpe de propaganda contra Saddam Hussein.

O bombardeio de Halabja não foi o primeiro uso de armas químicas por Saddam Hussein contra civis e nem o último (também foram usadas na guerra contra o Irã), mas o que aconteceu na cidade foi simplesmente aterrador. O ataque fazia parte justamente de uma campanha para oprimir e aterrorizar os curdos (20% da população), a cargo do primo de Saddam, Ali Hassan al-Majid, abençoado para a história com a alcunha de “Chemical Ali”. Em 1987/1988, cerca de 200 mil curdos morreram (não apenas vítimas de armas químicas), no genocídio cometido pelo regime de Saddam Hussein.

Halabja é  uma mancha na história da civilização (mais uma). Os russos forneceram material químico ao genocida Saddam e companhias ocidentais, a destacar alemãs, têm culpa no cartório. O governo americano de Ronald Reagan, que buscava uma reaproximação e contratos militares com o regime iraquiano, fechou os olhos ao uso de armas químicas. A história andou rapidamente e em 1990/91 tivemos a primeira guerra do Golfo, deflagrada em razão da invasão do Kuwait por Saddam Hussein.

Nos próximos dias, será a lembrança exaustiva da segunda guerra do Golfo, diante desta data redonda dos 10 anos. Mas falar do que aconteceu há 25 anos é vital, na verdade, urgente, devido à guerra civil na Síria, que pode se alastrar pela região, inclusive no Iraque, e com a possiblidade do regime ditatorial de Bashar Assad (ou algum aventureiro) usar estoques de armas químicas em outra Halabja.