Ex-coronel que confessou ter participado de torturas na ditadura é assassinado
O ex-coronel do Exército, Paulo Malhães, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25) dentro de sua casa, num sítio na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. No mês passado, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ele assumiu ter participado de torturas, mortes e desaparecimentos de presos políticos, entre eles o ex-deputado Rubens Paiva.
O ex-coronel do Exército, Paulo Malhães, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira (25) dentro de sua casa, num sítio na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. No mês passado, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, ele assumiu ter participado de torturas, mortes e desaparecimentos de presos políticos, entre eles o ex-deputado Rubens Paiva.
Segundo investigadores da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, que realizaram uma perícia no local, três homens invadiram a residência na tarde desta quinta-feira. O ex-coronel teria ficado em poder dos bandidos de 13h às 22h, segundo o relato de testemunhas, entre elas a viúva de Paulo Malhães, Cristina Batista Malhães:
“Eu fiquei amarrada e trancada no quarto, enquanto os bandidos reviravam a casa toda em busca de armas e munição. Não era segredo que ele era colecionador de armas ” disse Cristina.
O caseiro do sítio também foi conduzido para a delegacia. Ele também ficou trancado em outro cômodo da casa, amarrado.
De acordo com o delegado Fábio Salvadoretti, da DHBF, não havia marcas de tiros no corpo de Paulo Malhães, apenas sinais de asfixia.
“A princípio, ele foi morto por asfixia. O corpo estava deitado no chão do quarto, de bruços, com o rosto prensado a um travesseiro. Ao que tudo indica ele foi morto com a obstrução das vias aéreas”.
Na casa, policiais apreenderam um rifle e uma garrucha antigas e colheram impressões digitais, que serão analisadas.
Segundo parentes de Malhães, ele morava no sítio há cerca de 30 anos. Um genro do coronel, que se identificou apenas como Nelson, disse que a família não tem ideia do que pode ter motivado a morte do militar. Ainda segundo o genro, os familiares desconheciam sua atuação durante a ditadura.
“Aquilo foi uma surpresa para a gente. Não sabíamos que ele tinha sido um torturador. Ficamos sabendo pela televisão, e depois disso nunca nos sentimos à vontade para perguntar. Ele sempre foi muito reservado, e nunca comentou nada. Também não sabíamos se estava sendo ameaçado” relatou Nelson.
Fonte: Extra