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Estado Islâmico crucifica, escraviza e enterra vivas crianças, denuncia órgão da ONU

Estado Islâmico crucifica, escraviza e enterra vivas crianças, denuncia órgão da ONU



De acordo com relatório, crianças são vendidas em mercados como escravos sexuais e usadas como homens-bomba e escudos humanos

GENEBRA — Crianças iraquianas sequestradas pelo Estado Islâmico tem sido vendidas como escravos sexuais em mercados e mortas por crucificação ou enterradas vivas, denunciou uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira.
Meninos iraquianos menores de 18 anos estão sendo cada vez mais usados pelo grupo radical como homens-bomba, fabricantes de bombas, informantes ou escudos humanos para proteger instalações contra ataques aéreos conduzidos pelos Estados Unidos, afirmou o Comitê das Nações Unidas para os Direitos da Criança.

— Realmente estamos profundamente preocupados com a tortura e o assassinato destas crianças, especialmente daquelas que pertencem a minorias — disse Renate Winter, especialista do comitê. — A abrangência do problema é enorme. Crianças da seita yazidi e de comunidades cristãs, têm sido vítimas, mas as ações do grupo também atingem xiitas e sunitas.

O Estado Islâmico é uma dissidência da al-Qaeda que declarou um califado islâmico em partes da Síria e do Iraque em meados do ano passado e já matou e expulsou de casa milhares de pessoas. Na terça-feira, o grupo divulgou um vídeo que mostra um piloto jordaniano capturado sendo queimado vivo.

— Temos tido relatos de crianças, especialmente crianças com problemas mentais, que foram usadas como homens-bomba, muito provavelmente sem sequer entender a situação — afirmou Winter. — Foi publicado um vídeo na Internet que mostrava crianças de muito pouca idade, de aproximadamente 8 anos ou mais novas, já sendo treinadas para serem soldados.
O organismo da ONU denunciou “a matança sistemática de crianças pertencentes a minorias religiosas e étnicas cometida pelo assim chamado Estado Islâmico, incluindo vários casos de execuções coletivas de meninos, assim como relatos de crianças decapitadas, crucificadas e enterradas vivas”.

Várias crianças morreram ou ficaram seriamente feridas durante ataques aéreos ou bombardeios das forças de seguranças iraquianas, e outras morreram de "desidratação, inanição e calor", afirma a entidade.

Segundo o comitê, o Estado Islâmico cometeu “violência sexual sistemática, com o sequestro e a escravização sexual de crianças”.
— Crianças de minorias têm sido capturadas em vários lugares, e vendidas no mercado como escravas, com etiquetas de preço — disse Winter.

Os 18 especialistas independentes que elaboraram o relatório pediram às autoridades iraquianas que adotem todas as medidas necessárias para “resgatar as crianças” sob controle do grupo militante e processar os perpetradores dos crimes.
O comitê exigiu que Bagdá criminalize expressamente o recrutamento de pessoas menores de 18 anos em conflitos armados. Embora o governo iraquiano seja responsável pela proteção de seus cidadãos, Winter reconheceu que é atualmente difícil processar membros de “grupos armados não-estatais” por tais crimes.

Segundo ela, o governo deve tentar fazer todo o possível para proteger as crianças nas áreas que controla, e resgatá-las de lugares controlados pelo Estado Islâmico.

O comitê, no entanto, ressalta que algumas violações dos direitos das crianças não poderiam ser atribuídas apenas aos jihadistas.
Relatórios recentes indicam que menores de idade foram obrigados a ficar de plantão em postos de controle das forças do governo e que crianças foram mantidas presas em condições difíceis depois de acusações de terrorismo. Além disso, foram relatados casos de casamentos forçados com meninas de 11 anos.

Uma lei que permite aos estupradores evitar qualquer tipo de processos desde que se casem com suas vítimas foi particularmente criticada pelo comitê, que rejeitou o argumento das autoridades de Bagdá de que esta era “a única maneira de proteger a vítima da retaliação por sua família”.