Erosões gigantescas expulsam de casa moradores de Goiás
Erosões de 2km ameaçam moradores de Goiás
Geólogos têm alertado que a falta de planejamento na construção e na ocupação de cidades está ameaçando centenas de moradores.
“A gente não tem sossego para dormir, pensando que a chuva possa levar a gente”, lamenta a funcionária pública.
A avenida está desaparecendo. A chuva rasgou o asfalto por mais de meio quilômetro. A prefeitura e a empresa que vendeu os lotes não chegam a um acordo para resolver o problema.
“Quando não se tem uma manutenção adequada gera esse transtorno todo que nós estamos vendo aqui”, afirma o morador José Rosa.
Na Região Metropolitana de Goiânia, a creche que custou R$ 1,5 milhão está a menos de 10 metros da erosão. Dinheiro público que pode virar escombros.
Em outro bairro, funcionários da companhia de energia elétrica removeram um poste que a qualquer momento seria engolido. Instalaram a 10 metros de distância, mas a cratera continua avançando.
“As soluções paliativas elas são feitas muito rapidamente, da mesma forma que são consumidas muito rapidamente. Ou seja, faz-se isso hoje para amanhã refazer”, comenta o microempresário Daniel Bomfim.
No mesmo local, a subestação de energia que atende os moradores da região está prestes a desaparecer.
É um problema que preocupa moradores de várias regiões. A cidade de Planaltina de Goiás, perto de Brasília, tem uma das maiores erosões urbanas do Centro-Oeste do país.
A imensa cratera que, já tem mais de dois quilômetros de extensão, tem expulsado muita gente de casa. Dez famílias já perderam a moradia. Dona Nair Pereira dos Santos ainda se lembra da casa sendo arrastada.
“Você vê as coisas desabando tudinho de uma vez. Foi caindo os barrancos, rachando tudo dentro de casa e teve que tirar as coisas tudo correndo nas carreiras”, conta a doméstica.
A Defesa Civil monitora o lugar onde vivem quase 400 pessoas. A prefeitura diz que precisa de R$ 40 milhões para solucionar o caso.
“A gente precisa resolver esse problema exatamente para que daqui a 5, 10 ou 1 ano que seja, a gente não esteja socorrendo casas igual já teve no passado”, aponta Rodrigues Silva, engenheiro da prefeitura de Planaltina de Goiás.
A professora Andrelisa Santos de Jesus defende que as prefeituras façam estudos mais detalhados do solo antes de construir.
“O dinheiro para recuperação de um processo de degradação como esse sai dos cofres públicos, não é? Então a gente tem sempre que pensar nisso e lembrar que a prevenção sempre vai sair mais barata”, diz a doutora em geotecnia.
A Sociedade Goiana de Cultura declarou que, até julho, vai começar as obras de drenagem na região da cratera que mostramos no início da reportagem.
Já a Prefeitura de Aparecida de Goiânia afirmou que aguarda o fim do processo de licitação para começar a fazer a contenção das erosões.
O Ministério da Integração declarou que, em 2015, liberou recursos que a prefeitura de Planaltina de Goiás considerou suficientes para as obras. E que não houve novos pedidos de verbas.