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É #FAKE que auto-hemoterapia cure a Covid-19

É #FAKE que auto-hemoterapia cure a Covid-19



Por Roney Domingos, G1

Circula pelas redes sociais um vídeo em que um homem diz que ficou curado do coronavírus graças a uma auto-hemoterapia, em que a pessoa retira sangue da veia do braço e aplica nas nádegas. A mensagem é #FAKE.

 — Foto: G1  — Foto: G1

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A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular não reconhece do ponto de vista científico o procedimento da auto-hemoterapia e lembra que a resolução 1.499/98 do Conselho Federal de Medicina (CFM), em seu artigo 1º, “proíbe aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica”.

A ABHH afirma que não existe na literatura médica, tanto nacional quanto internacional, qualquer estudo com evidências científicas sobre o tema.

“Por não existirem informações científicas sobre o referido procedimento, são desconhecidos os possíveis efeitos colaterais e complicações desta prática, podendo colocar em risco a saúde dos pacientes a ela submetidos.”

Segundo a ABHH, a auto-hemoterapia é adotada por leigos e é desaconselhada por, além de não ter nenhum benefício comprovado no campo da ciência, poder apresentar inúmeros riscos à saúde.

A associação ainda esclarece que a não recomendada auto-hemoterapia, procedimento que consiste na aplicação intramuscular do sangue do próprio paciente, nada tem a ver com a hemoterapia, prática terapêutica exercida por médicos hematologistas e hemoterapeutas que utiliza componentes do sangue.

Outras entidades nacionais já alertavam para os riscos da auto-hemoterapia antes mesmo da pandemia do coronavírus acontecer. Em uma nota técnica de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirma que a prática não é reconhecida pelos conselhos de classe profissional, “o que configura risco iminente à saúde”.

Procurado pelo G1, o órgão diz que, até este momento, não há estudos ou evidências científicas que comprovem a eficácia desta técnica. “Além disso, a prática aumenta o risco de transmissão de doenças infecciosas devido à manipulação de material biológico.”

“É importante esclarecer que não é competência da Anvisa reconhecer práticas, procedimentos e terapias, mas sim dos conselhos profissionais. Uma vez reconhecida a prática, procedimento ou terapia, por órgãos competentes, caberá à Anvisa regulamentar e fiscalizar o cumprimento de critérios sanitários a serem seguidos”, afirma o órgão.

É #FAKE que auto-hemoterapia garanta a cura do coronavírus — Foto: G1É #FAKE que auto-hemoterapia garanta a cura do coronavírus — Foto: G1

É #FAKE que auto-hemoterapia garanta a cura do coronavírus — Foto: G1

Um parecer de 2007 do Conselho Federal de Medicina (CFM), por sua vez, afirma que “não existem estudos que demonstrem” a segurança da prática e que “não existem evidências confiáveis em revistas científicas de elevado padrão de que a auto-hemoterapia seja efetiva para qualquer doença em seres humanos”. O parecer foi reforçado pelo órgão em 2015.

O médico Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, também reforça que “não há qualquer evidência de que a auto-hemoterapia seja efetiva para o tratamento da infecção pelo novo coronavírus (Covid-19) nem para qualquer outra infecção”. “É um método sem validação e que não apresenta segurança no seu uso.”

A Organização Mundial de Saúde informa que, “até o momento, não há vacina nem medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar a Covid-2019”. O mesmo diz o Ministério da Saúde: “Até o momento, não há nenhum medicamento, chá, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo coronavírus”.