
Dilma reúne presidentes de partidos aliados no Palácio da Alvorada
Segundo Rui Falcão, Dilma informou sobre MP e explicações ao TCU. Encontro foi marcado nesta segunda e não constava na agenda oficial.
A presidente Dilma Rousseff se reuniu na noite desta segunda-feira (6) no Palácio da Alvorada com os presidentes de seis partidos aliados, grupo que forma o chamado conselho político do governo, segundo informou a Secretaria de Imprensa da Presidência. O encontro começou por volta das 19h e, às 21h, os primeiros carros começavam a deixar o local.
Também participaram da reunião líderes dos partidos da base na Câmara e no Senado, além do vice-presidente Michel Temer e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. O conselho político não se reunia havia cerca de três meses.
De acordo com a Secretaria de Imprensa, participaram do encontro os seguintes presidentes de partido: Rui Falcão (PT), Luciana Santos (PCdoB), Ciro Nogueira Lima Filho (PP), Alfredo Nascimento (PR), Guilherme Campos (PSD), Eurípedes de Macedo Júnior (PROS).
A reunião ocorreu um dia após os principais políticos do PSDB criticaram o governo da presidente Dilma Rousseff durante evento da sigla em Brasília. Presidente do partido, o senador Aécio Neves (MG) chegou a dizer que o grupo petista "está caminhando a passos largos para a interrupção deste mandato".
‘Pedaladas fiscais’
Após o encontro, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que a reunião do conselho político nesta segunda serviu para que ministros apresentassem aos partidos as explicações que o governo dará junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) em função das chamadas "pedaladas fiscais". Além disso, segundo ele, outros ministros explicaram a medida provisória que cria o Programa de Proteção ao Emprego, lançado mais cedo no Palácio do Planalto.
De acordo com o petista, ficou decidido também que presidentes de partidos aliados se reunirão nesta terça (7) com o vice-presidente Michel Temer para manifestar "solidariedade" ao peemedebista e à presidente Dilma.
"Amanhã nós estaremos no gabinete do vice-presidente Temer para ver o conteúdo de uma nota que vai abranger esses três pontos e os partidos que vão subscrevê-la", disse Falcão. Questionado se esta nota será uma "resposta àqueles que disseram que a presidente não chegará ao fim do segundo mandato", em referência a declarações de membros do PSDB, o petista disse que não. "Não é nenhuma resposta", enfatizou.
Os líderes do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e na Câmara, Sibá Machado (AC), também disseram que a reunião no Palácio da Alvorada serviu para que o governo apresentasse aos partidos aliados as justificativas que serão levadas junto ao TCU e o Programa de Proteção ao Emprego.
Na avaliação do senador Humberto Costa, o PPE, criado por meio de uma MP (que vale inicialmente como lei, mas precisa ser aprovado pelo Congresso), deverá ser aprovado pelo Legislativo.
"O resultado [da MP] vai ser positivo e pode ter impacto muito bom. Com ele, evitaremos que se amplie o desemprego e criaremos um clima diferente para os trabalhadores que, com certeza, terão os empregos preservados e voltarão a consumir, animando a economia", disse o petista.
Ao dizer que o jantar foi "na base do ajuste fiscal, com empadinhas e só", ele defendeu ainda que os partidos da base revertam o que ele chamou de "clima de pessimismo" que há no país.
Para Sibá Machado, o governo não precisa "temer" quanto à aprovação das contas pelo Tribunal de Contas da União. Na avaliação do parlamentar, o tribunal "exagerou" ao pedir as explicações ao governo sobre as "pedaladas fiscais".
"Dois pontos de pauta tratamos: lançamento da MP que vem com o PPE, muito bem explicado, muito bem entendido, uma boa pauta para a economia. […] E o outro ponto foi o pedido do TCU para que se apresentassem as ressalvas [sic] e foi nos apresentado um esboço disso [das justificativas]. Pelo que vimos, se aquilo for verdade, o TCU não tem nenhuma razão em estar fazendo essas ressalvas", disse.
Conselho político
A reunião foi convocada pela presidente no início da tarde desta segunda e não constava da agenda oficial divulgada pela Secretaria de Comunicação Social. O grupo não é o mesmo que se reuniu no começo da manhã, a chamada “coordenação política”, que é formada por Dilma, o vice-presidenteMichel Temer e ministros e se reúne às segundas-feiras pela manhã.
O último encontro do conselho político do governo ocorreu em abril deste ano, em meio à votação das medidas provisórias do ajuste fiscal no Congresso Nacional. Na ocasião, Dilma pediu apoio das legendas para garantir a aprovação dos projetos, entre eles a Medida Provisória 665, que alterou o acesso da população ao seguro-desemprego.
O conselho político foi criado durante a campanha eleitoral do ano passado. À época, Dilma se reunia semanalmente na residência oficial com os presidentes dos partidos aliados, como PT, PMDB, PCdoB e PSD, para definir as estratégias que seriam adotadas para garantir a reeleição da petista.
Oposição
Neste domingo (5), o senador Aécio Neves, ao ser reeleito como presidente do PSDB, afirmou em seu discurso que o grupo político que governa o país "está caminhando a passos largos para a interrupção deste mandato" e disse que a presidente "não governa mais".
Aécio disse, também durante o seu discurso no domingo, que o governo da presidente Dilma Rousseff pode chegar ao fim "talvez mais breve do que imaginam".
Na manhã desta segunda (6), o vice-presidente Michel Temer comentou a afirmação do líder da oposição, que perdeu as eleições para Dilma Rousseff em 2014. "Todos nós esperamos que seja só daqui a três anos e meio [o fim do governo], quando haverá novas eleições", afirmou Temer.
Temer afirmou, ainda, que o governo de Dilma tem apoio do Congresso e que não há crise política no país.