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Como pescadora saiu do nada para criar ‘império’

Como pescadora saiu do nada para criar ‘império’



Gertrude Nabukeera, ou Mama Sylvia, como ela é conhecida, supervisiona alguns homens descarregarem o que pescaram durante à noite.

Gertrude Nabukeera, ou Mama Sylvia, como ela é conhecida, supervisiona alguns homens descarregarem o que pescaram durante à noite.

Ainda é cedo e os barcos estão de volta à base de Nakatiba, na ilha de Bugala, no Lago Vitória, o maior da África. O local possui mais de 400m e é movimentado por barcos motorizados – tudo gerenciado por Mama Sylvia.

Há barracas de concreto nas quais ela vende o pescado do dia. À direita, uma geladeira na qual o peixe é armazenado.

Não é comum que mulheres sejam donas de empresas de pesca em Uganda. Mas o mais surpreendente é que ela mesma já foi pescadora, num trabalho dominado por homens.

"Nasci à beira do lago", diz. "Durante toda a minha infância, tudo o que eu vi foram pescadores e a indústria da pesca. Notei também que eram os pescadores os que estavam melhor de vida na comunidade. Decidi, então, que eu tentaria fazer o mesmo".

Em 1989, aos 25 anos, começou a sair à noite para pescar. Mais tarde, mudou-se para Bugala, a maior das 84 ilhas do arquipélago Ssese. Ali, as águas estavam cheias de peixes, mas a área era uma selva.

"Este lugar inteiro tinha apenas quatro casas", diz. "Vivíamos aqui com cobras e não havia eletricidade. Agora, toda a ilha tem energia solar, começamos a receber água encanada e estradas estão sendo construídas".

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Image captionMama Sylvia coordena base usada por pescadores em Uganda

E como ela podia ser a única pescadora? "É um trabalho difícil e perigoso", ela responde. "Quando o tempo está ruim, o lago é um lugar assustador, com vento forte e ondas em fúria assustadoramente altas".

Quando Mama Sylvia começou a pescar, há 26 anos, tudo o que ela tinha era uma pequena canoa, que ela movia a remadas. Finalmente, em 1994, tinha economizado o suficiente para comprar um motor.

Quatro anos depois, comprou mais três. Pagou parte à vista e o resto em dois meses, em metade do tempo que tinha para quitar a dívida.

Hoje, ela comanda um império de 22 barcos de pesca, e o preço de cada um é cerca de U$$ 7,5 mil (cerca de R$ 31 mil).

Há 15 anos, ela obteve permissão para montar a base, que é usada por mais de uma dúzia de outros proprietários de barcos, incluindo o marido de Mama Sylvia, que tem seus próprios barcos – mas é ela quem está no comando.

Não há nada que ela não faça – de ir aos barcos e consertar os motores a manter a contabilidade em ordem.

 

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Image captionDezenas de outros pescadores usam base de Mama Sylvia no Lago Vitória

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Image captionBase também vende pescados e tudo é controlado de perto por Mama Sylvia

O sucesso nos negócios permitiu que ela construísse uma casa na ilha e outra em Kampala, a capital de Uganda. Todos os seus filhos estudaram em boas escolas e ela tem pago por tratamento médico a seus pais idosos.

Então, qual o conselho que ela tem para quem quer entrar no negócio da pesca?

"Se você quer entrar nesta profissão… você tem que criar coragem, pegar os barcos. Ir para onde o trabalho existe e ir em frente".

Dito isso, Mama Sylvia volta a observar os pescadores que trouxeram seus peixes. O pescado é pesado sob seus olhos, anotado e pago. Tudo é feito por ela.

Não há dúvidas sobre quem manda aqui.