Após vender Waze por US$ 1,3 bilhão ao Google, o que faz Uri Levine?
O cofundador do aplicativo para evitar engarrafamentos recusou um cargo no Google para continuar empreendendo e investindo
Por Mariana Fonseca
O economista israelense Uri Levine é mais conhecido por um dos criadores do aplicativo para evitar engarrafamentos Waze, vendido ao Google por 1,3 bilhão de dólares em 2013 — mas ele não quer depender de apenas uma história de sucesso.
Levine cofundou o Waze em 2007, junto com os cientistas da computação Amir Shinar e Ehud Shabtai. Ele foi o único a não aceitar um cargo de diretoria no Google após a compra do aplicativo, hoje usado por 250 milhões de motoristas. Parte dos 38 milhões de dólares obtidos com a venda foi revertida para novas startups de Levine, seja como fundador ou como investidor.
O empreendedor participa de 12 startups. Está como cofundador ou fundador na Engie, que analisa a situação de automóveis antes da visita a um mecânico; na FairFly, que monitora tarifas aéreas mesmo após a reserva de um voo; na FeeX, que expõe taxas desconhecidas pelos usuários; na Fibo, que permite a empregados preencherem seus impostos de maneira simples; na Life Care, aparelho de monitoramento da saúde de idosos; na Refundit, uma plataforma de reembolso simples de impostos sobre consumo; e na Roomer, marketplace para vender reservas de hotéis que não teriam reembolso.
Como investidor e/ou membro do conselho de administração, Levine atua na Here, plataforma global de localização pública; na Moovit, o Waze para transportes públicos; na SeeTree, que permite administrar colheitas de forma inteligente; na WeTrip, plataforma de planejamento de viagem para millenials; e na ZeeK, marketplace de crédito não utilizado. A SeeTre anunciou hoje sua chegada ao Brasil, concentrando-se em fazendas de frutas cítricas em São Paulo.
Mesmo assim, o principal alvo de Levine continua em sua terra natal, Israel. Apelidado de nação das startups, o país aparece constantemente em listas de vendas de startups e possui negócios inovadores em setores como cibersegurança, indústria automotiva, inteligência de negócios e internet das coisas com aplicação industrial. Segundo o estudo Global Startup Ecosystem Report, Israel é o país com mais startups per capita do mundo.
Em passagem pelo país para uma palestra sobre empreendedorismo no C6 Bank, Levine falou a EXAME sobre o que tornou o Waze tão bem sucedido; qual sua tese de investimento em novos negócios; e o que falta para o Brasil ter um ecossistema de empreendedorismo tão forte quanto Israel.
EXAME — O Waze foi lançado em 2009, quando smartphones ainda estavam começando. Por que vocês investiram em um aplicativo de navegação naquela época?
Uri Levine — O Waze não é apenas para navegação, mas para a idas e voltas diárias. Combinamos o smartphone com o sistema de posicionamento global para evitar engarrafamentos. Esse é o principal benefício visto pelos usuários do Waze e a razão para seu uso diário e sua expansão em diversos mercados, incluindo o brasileiro. A simplicidade de uso também foi um grande incentivador para o crescimento. Se você criar valor aos seus usuários, você terá um negócio bem sucedido.