Acordo de paz na Síria teria de ser submetido a referendo, diz Assad
Rússia e EUA tentam trazer governo e rebeldes para mesa de negociação. Guerra civil já matou mais de 94 mil e provocou crise regional.
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que vai participar da negociação de paz com a oposição, mas que qualquer acordo que for alcançado terá de ser aprovado em um referendo.
Assad deu entrevista à TV libanesa Al-Manar, de seu aliado Hewbollah, e disse que essa é a sua única condição prévia para participar das negociações.
"A única condição é que qualquer coisa a ser implementada será submetida à opinião pública síria e a um referendo", disse.
EUA e Rússia tentam costurar uma conferência para negociar a paz entre o contestado regime de Assad e os rebeldes que tentam, há mais de dois anos, retirá-lo do poder.
A guerra civil já matou mais de 94 mil pessoas, provocou uma crise de refugiados e humanitária e ameaça se espalhar pela região, envolvendo Líbano, Turquia, Israel e Irã.
Na entrevista, Assad também afirmou que existe na Síria "uma verdadeira pressão popular" para que a abertura de uma frente nas Colinas de Golã com Israel, que ocupa a região desde 1967.
"Há uma pressão popular clara para abrir a frente de resistência (contra Israel) em Golã (…) Há vários fatores, (incluindo) as repetidas agressões israelenses", disse o presidente.
A tensão aumentou ainda mais entre o regime sírio e Israel depois que o grupo xiita libanês Hezbollah, um dos grandes inimigos dos israelenses, enviou homens para combater os rebeldes na Síria e do anúncio do fornecimento de modernos mísseis russos às forças de Assad.
Israel chegou a advertir que reagiria caso esses mísseis fossem entregues.
A aviação de Israel bombardeou no início deste mês dois alvos nas imediações de Damasco para impedir, segundo o Exército israelense, a transferência de armas ao Hezbollah libanês, aliado do regime sírio.
Em outra parte da entrevista, o presidente sírio disse que não hesitará em se candidatar à eleição presidencial de 2014 se o povo desejar.
"Esta questão será decidida no momento oportuno (…) Se eu sentir que há uma necessidade de me candidatar, e isso será decidido depois de consultar o povo, não hesitarei em fazê-lo", declarou o chefe de Estado.