Mais de 6 mil presos palestinos são convocados para greve de fome em Israel
Cerca de 6.300 presos palestinos estão convocados para uma greve de fome de duração indefinida a partir da meia-noite deste domingo (16) em Israel, coincidindo com o início do Dia Nacional da Solidariedade com os Presos que é lembrado em 17 de abril.
Cerca de 6.300 presos palestinos estão convocados para uma greve de fome de duração indefinida a partir da meia-noite deste domingo (16) em Israel, coincidindo com o início do Dia Nacional da Solidariedade com os Presos que é lembrado em 17 de abril.
A crítica sobre as condições dos palestinos presos por Israel está por trás da greve de fome massiva convocada pelo carismático líder do partido nacionalista Fatah, Marwan Barguti, que cumpre cinco penas de prisão perpétua por ataques durante a última Intifada.
"Desde que começou a ocupação (israelense) há 50 anos, 850 mil palestinos experimentaram o que é estar no cárcere", afirmou à Agencia Efe Akram Atalah Alayasa, porta-voz da Comissão de Assuntos para Detidos e Ex-Detidos, dependente da Autoridade Nacional Palestina.
Estas cifras significam que praticamente um quinto da sociedade palestina e 40% dos homens adultos esteve atrás das grades em algum momento, "algo que afeta muito toda nossa vida ", assegurou Alayasa.
Os palestinos veem a imensa maioria dos encarcerados como "prisioneiros de consciência", enquanto as autoridades israelitas os denominam de "presos de segurança" e consideram os atos pelo quais muitos deles estão detidos como "atos de terrorismo".
O certo é que é difícil encontrar algum palestino que não tenha sido ou tenha tido algum familiar ou conhecido encarcerado em alguma das 17 prisões espalhadas por Israel, na de Ófer – a única dentro dos territórios ocupados -, ou em algum dos dois centros de detenção israelitas no norte e no sul da Cisjordânia.
A Comissão de Assuntos para os Detidos e Ex-Detidos, o Clube de Presos Palestinos e o Escritório Central de Estatísticas apontam em um relatório publicado recentemente que, desde a Segunda Intifada (2000-2005), cem mil palestinos foram detidos, entre eles, 15 mil menores, 1.500 mulheres e 70 deputados.
O documento também aponta que, desde outubro de 2015, quando se iniciou a última onda de violência protagonizada por agressores palestinos, foram detidos na Cisjordânia cerca de 10 mil, metade deles menores.
A organização Adamir, que trabalha na defesa dos presos palestinos em Ramala, estima em 6.300 os presos atuais, incluindo 61 mulheres, 300 menores de 18 anos e 13 parlamentares.
Além disso, há 500 pessoas que não conhecem as acusações que pesam sobre elas nem qual será a duração de suas condenações porque foram encarceradas sob a figura da detenção administrativa, que permite prender sem acusação nem julgamento durante seis meses renováveis de maneira indefinida.
Alayasa denuncia que "há um uso diferente da lei sobre os palestinos" e argumenta que sobre estes Israel aplica "a legislação militar e não a civil", e que pratica abundantemente a detenção administrativa que, no entanto, praticamente nunca é usada com israelenses.
O ativista também considera discriminatória a situação dos presos: "Os israelenses têm, em geral, direito a um tête-à-tête. Isto não acontece com os palestinos, cujo contato com seus visitantes acontece por um vidro ou um telefone. Muitos pais não podem visitar seus filhos ou o contrário, por razões de segurança".
Frequentemente Israel rejeita as visitas de familiares de presos que tenham passado também previamente pela prisão.
"Milhares entrarão em greve não por motivos políticos, senão humanitários, para melhorar suas condições de encarceramento", analisou o ministro palestino e presidente da Comissão de Assuntos para os Detidos e Ex-Detidos, Issa Qaraqe.
Sob a lema "Greve pela liberdade e dignidade", Qaraqe calcula que pelo menos 1.500 presos se juntarão ao protesto para exigir que os menores visitem seus pais "sem assédio", melhorar as condições médicas dos detentos, a política de transferências e visitas e a liberdade dos presos doentes.
Em relação ao protesto, o ministro de Segurança Pública de Israel, Guilad Erdan, ordenou o estabelecimento de hospitais militares para que os presos não sejam transferidos a centros públicos, onde os médicos podem se negar a alimentá-los à força, apesar da recente decisão da Suprema Corte que considerou a prática constitucional.
Por sua parte, a Anistia Internacional pediu a Israel o fim do que considera uma política "ilícita e cruel" com os prisioneiros palestinos e advertiu que esta viola a Quarta Convenção de Genebra.
A organização lembrou que, de acordo com o direito internacional, os detidos em territórios ocupados não podem ser transferidos à potência ocupante, como agora acontece, e exigiu o término das "restrições excessivas aos direitos de visita", por entender que estão sendo aplicadas "como meio para castigar os presos e suas famílias".
Fonte: EFE