Jovem morre durante operação de mutilação genital no Egito
Prática afeta 200 milhões de mulheres no mundo, segundo Unicef
RIO — Cirurgias de mutilação genital são proibidas no Egito, mas tudo indica que a jovem Mayar Mohamed Mousa, de 17 anos, morreu depois de ser submetida a uma operação para remover seu clitóris. A prática, apesar de muito criticada por organismos humanitários internacionais, ainda afeta milhões de mulheres em diferentes países.
— Isso é algo que a lei proibiu — disse Lotfi Abdel-Samee, representante do Ministério da Saúde na província de Suez, onde o caso aconteceu.
Filha de enfermeira com pai cirurgião, Mayar morreu no domingo, por complicações enquanto estava sob anestesia geral em um hospital privado. De acordo com as autoridades, a irmã de Mayar havia passado pela mesma cirurgia no mesmo dia. A operação estava sendo realizada por uma médica registrada.
O hospital foi fechado na segunda-feira, após a transferência de todos os pacientes. O gerente da instituição e a equipe médica envolvida no procedimento foram interrogados, assim como os pais da vítima.
Proibida no Egito desde 2008, a mutilação genital feminina ainda é bastante difundida no país, sobretudo nas áreas rurais, como uma prática religiosa para muçulmanos e cristãos.
A pena para quem impõe a mutilação genital a uma mulher é baixa. Apenas em janeiro do ano passado aconteceu a primeira condenação desse tipo: o médico Raslan Fadl foi condenado a dois anos de prisão por homicídio e mais três meses por remover o clitóris de uma jovem de 13 anos que morreu na cirurgia.
De acordo com a Unicef, existem no mundo cerca de 200 milhões de mulheres que sofreram mutilação genital em 30 países, sendo que a metade dos casos se concentra em três nações: Etiópia, Indonésia e Egito.