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Golfo Pérsico pode ter temperaturas mortais para humanos até 2100, alerta estudo

Golfo Pérsico pode ter temperaturas mortais para humanos até 2100, alerta estudo



De acordo com estimativas, ondas de calor farão com que termômetros marquem até 77°C. Fenômeno seria raro e poderia ser evitado com a redução da emissão de gases do efeito estufa

Em cidades como Dubai (foto), o aquecimento faria com que as ondas de calor, que já ocorrem no Golfo Pérsico, sejam mais intensas e se tornem mais frequentes a partir de 2070(Istock/Getty Images)
Até o final deste século, algumas cidades do Oriente Médio poderão enfrentar ondas de calor tão severas que colocarão em risco a sobrevivência humana. De acordo com estimativas de um amplo estudo publicado nesta semana no periódico Nature Climate Change, as temperaturas locais em áreas do Golfo Pérsico chegarão a quase 77°C se não houver redução de emissões de gases de efeito estufa.

Segundo as análises, feitas por meio de modelos matemáticos por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, as cidades de Doha (Catar), Abu Dhabi (Emirados Árabes) e Bandar Abbas (Irã) serão as mais afetadas pelas possíveis ondas de calor até 2100. A média de temperatura estimada pelos cientistas impede que seres humanos exerçam suas funções naturais, já que devido ao aumento da temperatura e da baixa umidade, o corpo não consegue se resfriar. Sem a ajuda de equipamentos artificiais (como ar condicionado), o corpo humano consegue sobreviver por até seis horas a uma temperatura de 35°C. Além desse limite, o organismo começa a perder a capacidade de manter suas funções vitais.

As estimativas demonstram que essas ondas de calor severas ocorrerão uma vez a cada dez ou vinte anos. No entanto, quando acontecerem, serão letais, pois vão exceder o limite da sobrevivência, mesmo em locais climatizados e bem ventilados. "Até onde sabemos, esse limite nunca foi atingido em nenhum local da Terra", declarou Elfatih Elthair, professor de engenharia ambiental e civil do MIT e um dos autores do estudo.

O aquecimento, provocado pelo acúmulo das emissões de gás carbônico, faria com que as ondas de calor, que já ocorrem na região, sejam mais intensas e se tornem mais frequentes a partir de 2070. O que seria uma situação extrema de verão a cada mês ou 20 dias "poderá caracterizar um dia normal de verão no futuro", afirma Eltahir.

Gases de efeito estufa – Mesmo que as ondas de calor não aconteçam, os pesquisadores alertam para o aumento da temperatura atual da região do Golfo Pérsico. Este ano, a região sofreu uma de suas piores ondas de calor, com os termômetros chegando a 50°C. No Paquistão, o tempo seco e as temperaturas acima dos 40 graus causaram centenas de mortes.

Segundo os cientistas, caso aconteçam, as ondas de calor poderão afetar severamente a economia da região. Devido ao clima quente, trabalhadores seriam incapazes de ficar ao ar livre por longos períodos de tempo, afetando uma série de empresas, incluindo a indústria do petróleo, que é a grande fonte de renda do Golfo Pérsico. Além disso, o fenômeno também perturbaria o turismo no local, principalmente peregrinação que leva milhões de muçulmanos para Meca anualmente.

Essas situações poderia ser evitadas, segundo os cientistas, caso os países de todo o mundo tomem medidas de redução da emissão de gases de efeito estufa. Essa irradiação de gases é grande causa do aumento da temperatura do globo, já que esses elementos químicos prendem a radiação infravermelha na Terra, impedindo que ela seja liberada para o espaço.

Outra solução seria o uso de ar condicionado, que protegeria a população em ambientes fechados. Contudo, países mais pobres da região teriam dificuldades para manter essa infraestrutura.

Em 30 de novembro, líderes do mundo todo viajarão para Paris, na França, para a COP 21, conferência anual sobre mudanças climáticas. A série de reuniões, com duração de duas semanas, tem como objetivo a assinatura de um acordo global para a redução de gases de efeito estufa.

(Da redação)