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DJs e músicos se dizem vítimas de quadrilha especializada em furtos

DJs e músicos se dizem vítimas de quadrilha especializada em furtos



Eles tiveram casas arrombadas e, somado, prejuízo é de quase R$ 50 mil. Casos foram registrados na Polícia Civil, mas ninguém foi preso, em Goiás.

Músicos e DJs denunciam que tiveram seus equipamentos de trabalho furtados nas próprias residências, localizadas na Região Metropolitana de Goiânia. Somado, o prejuízo de três vítimas é de quase R$ 50 mil. Para elas, os crimes foram cometidos por uma mesma quadrilha, especializada nesse tipo de ação. Os casos foram registrados na Polícia Civil.

O caso mais recente é o do produtor musical Estevão da Silva Santos, de 34 anos. A casa dele, na Vila Lucy, em Goiânia, foi invadida na última sexta-feira (25), enquanto ele estava em um shopping.

"Foram dois teclados, dois monitores de estúdio, um notebook e uma televisão. Juntando tudo, tive um prejuízo de aproximadamente R$ 15 mil", disse.

Por conta disso, ele explica que está passando por um "aperto" financeiro. Apesar de também tocar piano em cerimônias e festas, Estevão alega que a atividade não é tão rentável quanto a que ele executa com o material roubado.

"Estou de mãos atadas, meio abalado. Espero que achem porque ali tem um grande investimento e com a alta do dólar está muito difícil remontar tudo porque são todos materiais de fora do país", explica.

O caso dele foi registrado no 20º Distrito Policial (DP) de Goiânia, mas transferido para o 6º DP, que é o responsável por investigar crimes cometidos no Setor Vila Lucy.

Titular da delegacia, o delegado Carlos Eduardo Gallieta disse, na terça-feira (29), que ainda não sabia do caso. Ele ressalta que a vítima tem a obrigação, após registrar o crime em uma central de flagrantes, de ir ao DP responsável pela área onde o fato ocorreu para informar sobre.

"Essa vítima tem que procurar a delegacia e passar detalhes, ser ouvida e até agora não apareceu. Vítimas geralmente registram a ocorrência e acham que está tudo pronto, mas não é assim, tem que procurar a delegacia responsável para que dê encaminhamento à investigação", orienta.

O produtor contesta a versão. "Estive na delegacia na segunda-feira [28] e falei com dois agentes. Eles, inclusive, foram até minha casa e verificaram se duas câmeras de imóveis vizinhos flagraram alguma coisa. Agora estou esperando um posicionamento. A responsabilidade da investigação não é minha, mas da polícia", afirmou.

Mesma atitude
Colega de Estevão, o músico Deivid Ramos Calaça, de 30 anos, conhecido como Deidão, também passou pelo mesmo problema. O crime ocorreu de forma idêntica ao do amigo. No último dia 7 de setembro, ele saiu para almoçar e, quando voltou, viu a casa arrombada.

Estevão da Silva Santos teve dois teclados furtados em Goiás (Foto: Arquivo pessoal)
Estevão tocando em um dos teclados furtados: aperto após crime (Foto: Arquivo pessoal)

Do imóvel localizado no Residencial Estoril, em Aparecida de Goiânia, foram levados dois contrabaixos, além de notebooks, caixas de som, um tablet e uma televisão. Os aparelhos somam uma quantia de cerca de R$ 15 mil.

O músico também teve R$ 2,5 mil, em dinheiro, levados pelos ladrões. Segundo ele, a quantia seria usada para pagar os outros músicos de sua banda após uma apresentação.

Deidão crê que foi vítima de uma quadrilha que atua somente neste tipo de assalto. "Poderiam ter levado mais coisas, videogames, bicicleta, eletrodomésticos, mas só levaram o material específico. Acho, inclusive, que foi o mesmo a atuar na casa do Estevão", comenta.

DJs e músicos se dizem vítimas de quadrilha especializada em furtos em Goiás (Foto: Arquivo pessoal)
Porta da casa de Estevão foi arrombada pelos
suspeitos (Foto: Arquivo pessoal)

Ele suspeita que um dos computadores dele esteja sendo anunciado em um site de compras. Após iniciar uma conversa simulando ser um cliente, o vendedor desconfiou e não quis mais responder às perguntas.

A ocorrência foi registrada no 4º DP de Aparecida de Goiânia, mas transferida para o 5º DP, que é responsável por investigar crimes da região em que Deidão mora. Titular da delegacia, Álvaro Melo foi procurado pela reportagem, mas disse que não podia atender.

DJ
No caso do DJ Fernando Brito, de 38 anos, o prejuízo foi de R$ 17 mil. Todos os equipamentos usados para tocar na noite foram levados de seu apartamento no Setor Sudoeste, em Goiânia, em março do ano passado. Após a situação, ele resolveu se mudar.

O material levado, segundo ele, era de primeira linha. Como não tem outra atividade, Fernando teve que arcar com a compra de novos aparelhos.

"Tinha uma festa de casamento já marcada para alguns dias depois do crime. Então comprei tudo de novo, mas de segunda linha. Até hoje estou pagando. Não tive mais coragem de comprar do melhor, a gente desanima", lamenta.

Após registrar o caso no 20º DP, ele ficou esperançoso em reaver seus pertences, mas, até hoje, nada foi recuperado. Responsável pelo caso, o delegado Gilberto Ferro explica que a investigação não teve andamento por falta de provas: "Não chegou a inquérito em razão de falta de evidências, de pistas, que chegassem à autoria".

O delegado lamenta a situação. Ele acha difícil que os equipamentos sejam recuperados. "Quanto mais demora, mais fica difícil de investigar. A pessoa  [criminosa] vende  a preço de b anana para qualquer lugar", afirma Ferro.

DJ Fernando Brito teve prejuízo de R$ 17 mil com furtos em  Goiás (Foto: Arquivo pessoal)
DJ Fernando Brito teve que comprar novos equipamentos para volta a trabalhar (Foto: Arquivo pessoal)