
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista no Palácio do Itamaraty
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (7) que o governo brasileiro está buscando “incansavelmente” uma solução para a crise política na Venezuela e disse estar insistido com o governo venezuelano na convocação de eleições parlamentares no país “no menor prazo possível”.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (7) que o governo brasileiro está buscando "incansavelmente" uma solução para a crise política na Venezuela e disse estar insistido com o governo venezuelano na convocação de eleições parlamentares no país "no menor prazo possível".
Vieira deu as declarações durante entrevista coletiva convocada pelo ministério em razão da visita ao Senado das mulheres de dois líderes oposicionistas presos na Venezuela. Senadores do PSDB criticaram a presidente Dilma Rousseff por não tê-las recebido. O ministro disse que determinou ao chefe do Departamento da América do Sul do Itamaraty, Clemente Baena, que as receba.
Desde o ano passado, manifestações de opositores do regime chavista deixaram 43 mortos. Outras 89 pessoas, incluindo políticos da oposição e manifestantes, foram presas acusadas de incitar a violência nos protestos e de conspirar contra o governo de Nicolás Maduro.
Tenho mantido contatos frequentes com altas autoridades venezuelanas […] sempre no sentido de gestionar pelo diálogo, pela conciliação, pela estabilidade democrática e, de maneira mais concreta, para que o poder eleitoral possa fixar, o quanto antes, a data das eleições e que a consulta popular possa se dar em condição de respeito às normas da Constituição da Venezuela"
Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores
Nesta quinta, as esposas de dois políticos presos participaram de audiência no Senado brasileiro e pediram que as autoridades do Brasil se solidarizem com a situação dos oposicionistas na Venezuela.
Segundo Vieira, em reuniões que teve com o governo venezuelano, em março, ouviu das autoridades do país que as eleições seriam convocadas em um prazo "aproximado" de seis semanas "após cumpridos os pré-requisitos legais exigidos pela legislação eleitoral venezuelana".
A reunião à qual o ministro se referiu foi realizada no último dia 6 de março. "No contato que mantive anteontem com a chanceler Delcy Rodríguez, e hoje, voltei a insistir na realização da convocação, o mais pronto possível para dentro dos prazos, das eleições. Mas que essa convocação seja no menor prazo possível", afirmou.
No Brasil, a oposição critica o governo brasileiro por ser supostamente "conivente" com a governo do país vizinho. "O governo brasileiro vem buscando incansavelmente encontrar uma solução pacífica para a crise política na venezuela, no marco do mais absoluto respeito ao estado democrático de direito", declarou o ministro.
De acordo com Mauro Vieira, o Brasil recebeu "extensas garantias da convocação de eleições ainda este ano".
"Desde essa visita [de março], tenho mantido contatos frequentes com altas autoridades venezuelanas […] sempre no sentido de gestionar pelo diálogo, pela conciliação, pela estabilidade democrática e, de maneira mais concreta, para que o poder eleitoral possa fixar, o quanto antes, a data das eleições e que a consulta popular possa se dar em condição de respeito ás normas da Constituição da Venezuela", afirmou Vieira.
Lilian López e Mitzy Capriles participaram nesta quinta de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado para falar sobre a situação política na Venezuela. As duas venezuelanas foram convidadas para falar ao Senado brasileiro pelos senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG).
Após a audiência, Lilian López pediu que as autoridades brasileiras se solidarizem com a situação dos oposicionistas na Venezuela. López e Ledezma estão presos desde fevereiro de 2014 após serem acusados pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de promover protestos contra o regime chavista e conspirarem para a saída de Maduro do cargo.
"Em primeiro lugar, obrigada. Obrigada ao Brasil. […] Representamos a voz das vítimas venezuelanas, familiares de presos políticos, que são 89, familiares dos assassinados nos protestos do ano passado, de desaparecidos, dos exilados, dos que hoje estão pressionados pelo regime de Maduro", disse Lilian López, após a audiência pública.
"Hoje esperamos justiça, esperamos liberdade. Esperamos solidariedade da região. A oposição venezuelana está mais unida do que nunca. Representamos a voz da unidade democrática. A saída ao desastre que vive a Venezuela deve ser constitucional, pacífica e democrática. […] Esperamos liberdade e união de Brasil e Venezuela em uma só voz: a voz do respeito aos direitos humanos", afirmou.