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Restaurante ‘I Love Cocaine’ mostra ‘explosão’ do cérebro ao usar droga

Restaurante ‘I Love Cocaine’ mostra ‘explosão’ do cérebro ao usar droga



Estabelecimento, na cidade italiana com maior consumo per capita da substância, tem instalações que simulam sinapses e ‘projeção’ da mente de comensais.

 Um restaurante "antidrogas" é a nova atração da pequena Montichiari, norte da Itália.

 
A escolha não foi por acaso. A cidade, de 25 mil habitantes, é recordista italiana no consumo de cocaína, com 14 doses diárias a cada mil habitantes, segundo recente pesquisa oficial do Ministério da Saúde italiano – superando Milão, com 9,1 doses, em 2009. Veja o vídeo.
 
A decoração do estabelecimento, chamado de I Love Cocaine (Amo Cocaína, em tradução livre), se inspira nos danos provocados pela droga ao cérebro humano.
 
Em vez de mesas tradicionais, uma única e longa bancada sinuosa representa a sinapse, a atividade cerebral dos neurônios.
 
Monitores nas paredes não transmitem programação de emissoras de TV, mas sim depoimentos de ex-viciados em drogas.
 
E em uma parede de 8 metros quadrados flutua a "projeção" das mentes dos frequentadores. Ao entrar no restaurante, cada um pode personalizar a própria imagem do cérebro em duas dimensões, fotografá-la com um tablet e projetá-la em 3D.
 
Quando um frequentador se aproxima do enorme monitor, fotocélulas sensíveis ao movimento provocam a "fuga" dos cérebros flutuantes, que vibram, tremem, param e escapam.
 
A experiência ainda simula a reação dos neurônios ao uso da cocaína. Quando o usuário passa a mão sobre algumas fileiras de farinha branca dispostas numa bandeja no final da parede, o sistema eletrônico é acionado e uma "chuva virtual" de cocaína invade o monitor.
 
Em seguida, o cérebro do usuário entra numa espécie de curto-circuito e implode na tela.
 
Ousadia
"Não sabemos se não virá ninguém ou se (o restaurante) vai lotar. É difícil administrar um espaço assim, com esta proposta", reconhece o designer do ambiente, Ermanno Preti, à BBC Brasil.
 
O proprietário do restaurante, o empresário Mino Dal Dosso, também diz ter se sentido, a príncípio, inseguro com o projeto e com o nome do restaurante. "Depois abracei o projeto, que passa uma importante mensagem ética e social, num lugar público."
 
Pela manhã, o lugar abrirá as portas para encontros com estudantes das escolas vizinhas para debater o uso de drogas, com palestras de pesquisadores e estudiosos sobre o tema. Depois dos alunos, entrarão os comensais para uma experiência gastronômica.
 
O I Love Cocaine custou quase 2 milhões de euros (R$ 60 milhões) – um investimento raro em tempos de crise econômica na Itália – e tem um cardápio tradicional, com massas, carnes e verduras.
 
"Abri um restaurante um mês antes do começo da crise de 2008. Temos hoje 40 empregados e dobramos o faturamento. Honestamente, não acredito na crise, acho que existe uma crise, sim, de valores, uma crise da falta de vontade dos empresários de arriscar", argumenta o dono.
 
"Achamos que este conceito ético e social (do restaurante) pode funcionar em outros países. Registramos a marca e estamos procurando novos mercados."